25 de Maio: Dia do Orgulho Nerd – De vergonha a orgulho: uma celebração da criatividade, do conhecimento e da diversidade
- Nieissa Pereira
- 25 de mai.
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Hoje, dia 25 de maio é considerada uma data emblemática para todos aqueles que, com paixão, admiram e cultivam universos criativos, sejam eles ficcionais ou científicos. É o Dia do Orgulho Nerd, uma celebração que atravessa gerações e fronteiras e marca o reconhecimento e a valorização de uma cultura que, por muito tempo, foi marginalizada, mas atualmente tem ocupado o espaço central na sociedade contemporânea.
A escolha do dia não foi feita de forma aleatória. Em 25 de maio de 1977, estreava nos cinemas o grande sucesso Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança. A saga criada por George Lucas revolucionou as telonas do cinema, com efeitos visuais inovadores e narrativa épica, se tornando um fenômeno cultural global, consolidando uma legião de fãs apaixonados e inspirando a produção de incontáveis obras na literatura, nos quadrinhos, nos jogos de vídeo game e no cinema.
Além disso, o dia de hoje também é conhecido como o Dia da Toalha, uma homenagem a Douglas Adams, autor de O Guia do Mochileiro das Galáxias. No universo criado por Adams, a toalha é descrita como o objeto mais útil que um mochileiro interestelar pode ter consigo. Assim, carregar uma toalha nesse dia tornou-se um símbolo de inteligência, irreverência e pertencimento à cultura nerd.
Mas a celebração deste dia não se resume apenas à exaltação das produções culturais cinematográficas ou dos quadrinhos e dos jogos. O Orgulho Nerd é, sobretudo, um fenômeno que exemplifica o que Rogério de Almeida e Lúcio Kowarick (1968) analisam em seu artigo “De vergonha a orgulho”: processos pelos quais práticas identitárias que antes eram alvo de estigmas e marginalizações são ressignificadas socialmente, convertendo-se em fontes de prestígio e capital simbólico.
Durante décadas, ser taxado de nerd era sinônimo de exclusão. Quem era nerd era considerado “estranho”, “esquisito”, ou seja, estavam completamente fora dos padrões estabelecidos pela sociedade, que preferiam livros a festas, que se encantavam com ficções científicas, computadores ou jogos de tabuleiro. Por conta disso, eram frequentemente alvos de zombaria ou isolamento social. Entretanto, como afirmam Almeida e Kowarick, a cultura contemporânea opera transformações importantes, nas quais expressões culturais antes consideradas desviantes são absorvidas pelo mercado, convertidas em produtos, estilos e, mais importante, formas legítimas de afirmação identitária.
Esse processo é evidente na trajetória da cultura nerd. O que antes era visto como uma subcultura isolada, hoje se tornou mainstream, com grandes eventos como a Comic-Con, franquias bilionárias no cinema, mercado editorial robusto e indústrias de games e tecnologia em franca expansão. O nerd passou de objeto de chacota a protagonista, de símbolo de vergonha a ícone de orgulho e sucesso.
Ser nerd, atualmente, é assumir com alegria e autenticidade a paixão pelo saber, pela arte, pela ciência e pela imaginação. É, como também destacam os autores do artigo, um exemplo claro de como a cultura de consumo, ao mesmo tempo que amplia as possibilidades de expressão subjetiva, mercantiliza e padroniza as identidades, inserindo-as em circuitos globais de consumo e entretenimento.
Em várias partes do mundo, a cultura nerd floresce em encontros de RPG, campeonatos de e-sports, eventos de cosplay, feiras de quadrinhos, clubes de leitura e até mesmo em produções audiovisuais independentes. O orgulho nerd é, assim, uma afirmação de identidade, resistência e diversidade. Pessoas de todas as idades, gêneros, raças e classes sociais encontram nesses espaços uma oportunidade de expressão criativa e de pertencimento.
Celebrar o Dia do Orgulho Nerd é, portanto, muito mais do que vestir a camiseta do seu super-herói favorito ou assistir novamente à trilogia clássica de Star Wars. É reconhecer a importância de cultivar o conhecimento, de valorizar a imaginação e de respeitar a pluralidade dos interesses humanos. E, mais do que isso, é compreender, à luz de análises como as de Almeida e Kowarick, como as identidades se transformam historicamente, passando do campo da vergonha e da exclusão para o da valorização e do consumo global.
Neste 25 de maio, convido você a celebrar com entusiasmo essa data tão especial. Pegue sua toalha, escolha seu livro ou filme predileto, desafie os amigos para uma partida de RPG, ou simplesmente aproveite para revisitar aquele universo que sempre fez parte da sua trajetória nerd.
Que a Força esteja com você!
Não esqueça sua toalha!
Vida longa e próspera!
REFERÊNCIAS:
ALMEIDA, Rogério de; KOWARICK, Lúcio. De vergonha a orgulho: consumo, capital simbólico e cultura jovem. Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 91-102, jan./jun. 1998. Disponível em: https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/28321358/R7-1968-1-libre.pdf. Acesso em: 24 maio 2025.
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