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A humanidade pede passagem !



* Por Nairis Lima


Uma nova guerra se encorpa em outro continente, as bandeiras e as armas podem até serem distintas das anteriores, todavia a mesma chaga se apresenta: o desejo desenfreado pela propriedade e o poder que dela advém. Todas as narrativas e/ou tentativas de justificação são secundárias frente à cupidez humana.


E mais uma vez a humanidade se depara com esse conflito viril, onde a masculinidade enche o fosso e vocifera em uníssono grito de Guerra! As primeiras convocações para a frente da batalha têm endereço certo: homens, em geral em idade reprodutiva, saudáveis ou, que ao menos, possam empunhar armas. Esses eleitos, independentemente da bandeira a ser representada, se enchem de coragem, orgulho e honra, vestem-se com suas fardas e partem para seu destino: a violência.


Entretanto, para onde se destina a parcela maior da população? Onde estão as mulheres, as crianças, os idosos, os enfermos e os portadores de necessidades e cuidados especiais?


Essa população de destino incerto tem duas alternativas: de um lado a resistência acuada e temerosa, do outro a peregrinação pelos corredores humanitários de evacuação ou o “lançar-se ao generoso desconhecido”. Contudo, sabemos que, entre esses dois lados, existe o fosso abjeto da barbárie. Não só a violência explícita da guerra enquanto sua representação máxima nos sangrentos confrontos, mas o lado perverso e ainda mais cruel que viola e profana mulheres, crianças e desonra toda a classe dos excluídos do franco confronto.


Independentemente do resultado desse conflito ou das cores da bandeira hasteada ao final, a derrota não foi de quem não conseguiu proteger suas propriedades, seu território e seu povo. A derrota foi a da humanidade que, combalida, manchada e em carne viva, pede passagem convalescente, rastejante e abatida entre as barricadas.


*Nairis Lima. Doutoranda em Filosofia pela UFBA.



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