A TERCEIRA IDADE SURPREENDE NA CAMA?

Quem acha que sexo, desejo e diversão na cama têm prazo de validade provavelmente nunca assistiu Grace and Frankie…

O lazer cinematográfico do último mês se dividiu entre a série Grace and Frankie e o reality show Casamento às Cegas: Nunca é Tarde. Inclusive, fica a indicação.

Logo de cara, vamos combinar uma verdade: libido e atração sexual não somem só porque os cabelos ficam grisalhos ou a pele ganha algumas rugas. É claro que as mudanças naturais do corpo impactam o desejo, mas ele não desaparece.  Ele se transforma.

A terceira idade está mais sexy do que nunca. Homens e mulheres acima dos 50 estão redescobrindo o prazer, se permitindo desejos e mostrando que “mais idade” não significa “menos tesão”. E se você ainda acha isso improvável, dê uma olhada nos participantes de Casamento às Cegas. Para essa turma, o que importa não é a idade, e sim a disposição para mergulhar no jogo da intimidade, com respeito, desejo e, claro, sem medo de rir de si mesmo.

O problema não está na libido das pessoas mais velhas, mas na nossa mania de achar que a vida delas já está no “modo descanso”. A sociedade costuma olhar para um corpo maduro como se fosse um anúncio de aposentadoria do prazer, e não é.

Sexo não é só sobre o corpo jovem, é sobre conexão, afeto, curiosidade. Mas vivemos cercados por um imaginário que associa prazer à juventude e, de quebra, infantiliza a pessoa idosa, como se ela estivesse fora do jogo. Basta ver como a publicidade raramente mostra pessoas mais velhas como desejáveis ou como protagonistas de romances. É como se, depois dos 50, só existissem para vender plano de saúde.

Falar de sexo na terceira idade não é só sobre prazer, é sobre autonomia. É reconhecer que o direito de sentir desejo e viver intimidade faz parte da dignidade de qualquer pessoa, em qualquer fase da vida.

Grace and Frankie escancara esse tabu com humor. Duas mulheres que passam dos 70, enfrentam divórcios, falam sobre vibradores, novos amores e mostram que a intimidade não se aposenta. A série faz a gente rir, mas também obriga a rever como tratamos a sexualidade na velhice.

Já em Casamento às Cegas: Nunca é Tarde, vemos pessoas acima dos 50 se arriscando num experimento emocional e afetivo. Não é só entretenimento, é um lembrete de que, apesar dos estereótipos, muita gente quer amar, ser amada, se sentir atraente. Isso tem prazo de validade? O casal sessentão Aidê e Ed respondem a isso muito bem, esbanjando sex appeal, roça-roça, mão boba e muitos beijos.

A verdade é que o tabu não está na cama da terceira idade, mas na cabeça de quem acha que desejo é privilégio dos 20 e 30 anos. O reality e a série têm em comum o fato de desmontarem o mito da idade como barreira, um faz isso no palco do entretenimento romântico, o outro com humor ácido — e ambos lembram que tesão e afeto não seguem calendário.

Talvez o grande segredo do sexo na terceira idade seja justamente o que falta aos mais jovens: menos pressa, menos vergonha e muito mais riso.

Mas você já pensou que no fim das contas, falar de sexo na terceira idade é falar de nós mesmos no futuro? Todo mundo envelhece (alguns não) e ninguém quer chegar lá sendo tratado/a como um ser sem desejo ou sem graça. Se hoje a gente ri com Grace, se emociona com Aidê e Ed, é bom lembrar que amanhã seremos nós querendo rir, amar, beijar e, sim, continuar curtindo a vida.

O prazer não tem data de validade. O preconceito é que já deveria estar vencido.

FONTE:

https://revistamonet.globo.com/Series/noticia/2022/04/jane-fonda-revela-que-passou-receber-vibradores-de-fas-apos-serie-precisa-ver-minha-mesa-de-cabeceira.html