Você pode estar lendo o título desse artigo e ficou se perguntando “depois de 3 anos esse cara me vem com essa desconfiança da facada? A essa altura do campeonato? Tem mais o que fazer não?”. Pois é, mas não puxei esse assunto à toa. É que foi lançado no dia 12 de setembro o documentário “Bolsonaro e Adélio: uma fakeada no coração do Brasil”, realizado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, produzido pelo Brasil 247. A produção reúne vários questionamentos sobre esse episódio, ocorrido em setembro de 2018.
Carvalho foi até Juiz de Fora, local onde ocorreu o suposto atentado, para tentar esmiuçar destalhes do que aconteceu naquele dia. Conversou com o gerente da Santa Casa onde Bolsonaro foi operado e também com seguranças contratados para a proteção do presidenciável em sua caminhada pelas ruas da cidade mineira. E surge a primeira pergunta: por que contratar pessoal avulso se agentes da polícia federal já o protegiam? E por que motivo Bolsonaro não utilizava o colete, aconselhável para pessoas que se candidatam a cargos de grande magnitude? Por meio de imagens, é mostrado os passos de Adélio e ações suspeitas desses seguranças particulares. Sem spoiler, algumas movimentações ali aludem a algo bem suspeito...
Meses antes desse evento, Bolsonaro estava em um culto, onde o pastor ora por ele e coloca a mão na sua barriga juntamente com Michele Bolsonaro. O então candidato estava com problemas naquela região? A oração parece ter como objetivo curar algum mal na região intestinal, exatamente o local da facada. Isso já cria muitas dúvidas. No pós-operatório, Bolsonaro recebe a visita de seu médico, um oncologista. Um médico especialista em câncer? Antes do documentário, essas situações descritas já haviam sido levantadas. Muitos disseram que a facada aconteceu sim, mas houve proveito dela para a cirurgia "real" ser feita. O documentário traz essas questões de maneira compilada, mas com uma novidade: O localização exata onde a faca entrou. Algumas imagens mostram que ela “mudou de lugar” em diferentes situações. Bem esquisito...
Quando Bolsonaro estava sendo levado para o hospital, a faca foi deixada com um vendedor de fruta. Como? Não foi levada à delegacia? Procurado por Carvalho, o “guardador” da arma do crime não quis se pronunciar. Logo após, o jornalista foi misteriosamente atacado, ao que parece, por alguém próximo a esse vendedor. Na faca, foram identificadas diversas digitais.
Por fim, Carvalho foi até Florianópolis visitar o famoso clube de tiro onde Adélio e Carlos Bolsonaro teriam aparecido no mesmo dia, no mês de julho, dois meses antes do ato. Esse é um ponto chave de todo esse enredo. A gerente do estabelecimento havia garantido que eles jamais se encontraram, apesar da coincidência. No entanto, como ela pode confirmar isso? Na última eleição ela foi candidata, apoiada pela família Bolsonaro, o que indica aproximação. Ela estaria escondendo algo???
Outras perguntas são feitas: quem pagou o advogado de Adélio? E sua hospedagem na pousada? A viagem até Juiz de Fora? Adélio vivia de bicos, em um quartinho miserável, com banheiro coletivo. Como levantou essa grana? Falando em Adélio, uma descoberta importante foi que o mesmo também foi filiado ao PSD, um partido de Centro-Direita. Na época, fizeram um escarcéu pelo fato de Adélio ser de esquerda, o que, com aquela polarização toda, significava quase que uma agressão...
Muitos suspeitam de não haver sangue após a ação de Adélio, mas o documentário informa que muitas vezes a hemorragia é interna, o que foi o caso de Bolsonaro. Mas apesar dos questionamentos levantados na película – com duração de uma hora e quarenta minutos – a palavra “fakeada” no título já conclui que tudo não passou de uma farsa. Não sou conspiracionista, e não vou aqui endossar que tudo foi armado. Também me faço perguntas. Por que Juiz de Fora e não outra cidade? Que logística perfeita foi essa pra envolver tanta gente numa tramoia desse nível? Quem afinal é Adélio e por que ele seria o escolhido? Entretanto, depois do escabroso incidente envolvendo a Prevent Senior – que realizava procedimentos sem anuência de pacientes e familiares, adulterava certidão de óbito e outras práticas – quem vai duvidar totalmente das circunstâncias desse atentado?
Por fim, o que de fato nunca concordei é que aquela facada ajudou a eleger Bolsonaro. Sempre considerei que boa parte da população estava inclinada a votar nele, tanto pelo clima de euforia, como pela mudança radical que os eleitores demonstravam querer. “Ele Não”, os debates que ele participou (onde sua atuação foi um desastre), Val do Açaí, os absurdos e asneiras constantes que vomitava, nada disso provocou qualquer recuo na decisão final, Apesar de achar sim que eventos desse tipo ativam o emocional e a afetividade, importantes em muitas eleições por aqui. Com facada ou sem facada, o alvoroço daquele período era evidente.
FONTE:
https://www.youtube.com/watch?v=vOcBT2js54U (Link para o documetário)
Imagem: Estado de Minas
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