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BAHÊA: O Inconsciente Coletivo que vibra com a torcida


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*Por Everton Nery e Emerson Nery


Ser Bahêa é mais do que torcer por um time, é vivenciar uma jornada que atravessa o tempo, as emoções e as entranhas do inconsciente coletivo. Há algo de profundamente e alargadamente psicanalítico na relação entre o Bahêa e sua torcida, algo que Freud, Lacan ou qualquer outro teórico das profundezas da alma humana admiraria. A arquibancada, o campo, o manto tricolor... tudo isso é palco de uma pulsão que transcende o simples prazer de vencer ou a dor de perder. O Bahêa é, para os seus, um reflexo das aspirações mais íntimas, um espelho que revela, no triunfo e na derrota, o próprio coração de quem somos.


O torcedor do Bahêa é mais do que um espectador. Ele é parte de um desejo latente, de uma busca incessante por algo que vai além do futebol. Cada grito de "Bahêa!" ecoa como uma expressão do desejo profundo de pertencimento, da necessidade de preencher lacunas internas que nem sempre têm nome, mas que se fazem sentir. Na psicanálise, falamos do desejo como algo que nunca é completamente saciado, e talvez seja justamente isso que mantém a chama tricolor acesa. É o "objeto a" de Lacan, o que nunca se atinge plenamente, mas que é buscado com fervor em cada partida.


Quando o Bahêa entra em campo, não é apenas o time que está ali. É a voz de uma massa que carrega nos ombros gerações de esperanças, frustrações e euforias. O triunfo, quando chega, é catártico, como um insight súbito no divã. Por um instante, o torcedor se sente completo, envolto em um êxtase coletivo que reverbera nas ruas, nas praças, nas casas. A derrota, por sua vez, é uma oportunidade de regressar ao íntimo, de reviver e ressignificar a relação de amor incondicional que só o verdadeiro torcedor conhece. No fundo, ser Bahêa é entender que o que importa não é o placar, mas a travessia emocional que cada jogo representa.


A torcida do Bahia não torce apenas por títulos, ela torce pela vida. Cada canto, cada bandeira erguida é um pulsar de desejo, uma afirmação de que, juntos, no mesmo compasso, podemos superar qualquer barreira. Freud diria que há algo de primal nessa comunhão, algo que toca as partes mais profundas do inconsciente humano. A arquibancada se transforma em um lugar onde as angústias individuais se dissolvem, onde cada voz se soma em um coro uníssono que diz: "Nós somos Bahêa". É nessa comunhão de almas que o Bahêa se eterniza, não apenas como um time, mas como uma força psíquica que transforma.


Aqui, o Bahêa é mais do que futebol. É a expressão de uma paixão que se renova a cada temporada, a cada desafio, como se estivéssemos todos em uma análise coletiva, buscando incessantemente nos redescobrir. O Bahêa é o campo onde os sonhos mais secretos se encontram com a realidade, e é na torcida que essa magia se manifesta em sua plenitude e assim podemos gritar sem parar: “Bora Bahêa Minha Porra!”


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*Everton Nery Carneiro. Docente da Universidade do Estado da Bahia. Pós-Doutor em Educação (UFC); Doutor e Mestre em Teologia (EST)

Fonte da imagem: próprios autores.

11 comentários

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Milena
15 de jul.
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O texto é uma celebração afetiva da relação entre o time e seus torcedores. Ele mostra como o Bahia não é apenas um time, mas uma emoção que atravessa gerações.

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Gutemberg Silva
Gutemberg Silva
27 de mai.
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O texto faz uma análise psicanalítica, sobre o futebol, o time Bahia, representa para as pessoas não só um jogo de futebol, mas sim, uma alegria, amor ao clube, expectativas quanto ao placar, e todas essas emoções vão crescendo, os torcedores mergulham nessa energia, e os jogadores recebem a torcida, com motivação. O grito “ BORA BAHÊA”, é um bordão que adotaram e hoje tem significado e identidade.

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jivia monteiro passos
23 de mai.
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A relação profunda entre o Bahia e sua torcida, é destacada e esse vínculo vai além do futebol e se torna uma experiência emocional coletiva. Utilizando conceitos da psicanálise, ele mostra como o desejo, a paixão e a catarse são elementos centrais na conexão dos torcedores com o time. O Bahia é descrito como um espelho das aspirações e emoções de sua torcida, onde cada jogo representa uma jornada intensa de identificação e pertencimento. No fim, a paixão tricolor se renova, sempre impulsionada pelo grito vibrante: “Bora Bahêa Minha Porra!”

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Bruna Pina
Bruna Pina
16 de mai.
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Sob uma perspectiva psicanalítica, o texto mergulha na paixão da torcida do Bahia, revelando que ela transcende o esporte. Ser Bahia é experimentar uma profunda odisseia emocional, onde o time age como um reflexo da essência do torcedor. As arquibancadas se transformam em locais de purificação, e cada partida é uma jornada repleta de anseios, desilusões e expectativas.

Com base em Freud e Lacan, o autor demonstra que o desejo tricolor é insaciável, representando uma busca incessante por identidade e significado. O brado de "Bahêa!" manifesta uma energia psíquica coletiva que transforma a torcida em união, onde o amor incondicional ao clube se sobrepõe ao mero placar dos jogos. O Bahia não é somente um clube, mas uma vivência existencial,…

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Rebeca da Paz Cavalcanti
23 de abr.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

O texto mergulha fundo na alma tricolor e revela que ser Bahêa é muito mais do que torcer: é um ato psicanalítico, um rito coletivo de pertencimento, desejo e identidade. O Bahêa não é só futebol — é inconsciente pulsando em cada canto da arquibancada. Na vitória ou na dor, é travessia emocional, análise viva, comunhão de afetos. Gritar “Bora Bahêa Minha Porra!” é mais que paixão: é existir intensamente em azul, vermelho e branco.

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