Olá, estive um pouco distante da escrita, mas retorno. Hoje falarei de uma impressão que tive recentemente, algo que pode estar acontecendo ainda muito timidamente, e pode ganhar alguma força daqui para frente: o cansaço da vida virtual.
A pandemia global acelerou ainda mais um isolamento que já acontecia gradualmente. Já havia a tendência de as pessoas saírem menos e se envolverem cada vez mais com os streamings, as redes sociais virtuais e os diversos jogos online. O contato face a face já era menos frequente. Inclusive, as relações sexuais já eram menos frequentes do que da geração anterior, devido a várias razões, que passa pelo aumento da ocupação de tempo causado pelo avanço da tecnologia. No entanto, com o isolamento, por causa do vírus, a coisa se amplificou: você agora precisa estudar, trabalhar e ter lazer na web. E, falando por mim, recebo muita informação, convite de palestras sobre diversos temas, lives de colegas, podcasts superlegais. Muita variedade boa, mas não dou conta. Tenho que priorizar minhas atividades profissionais regulares. Mas tem horas, leitor e leitora, que a gente precisa se livrar de tudo isso: ler algum livro, só escutar alguma música relaxante, meditar, bater perna, fazer uma atividade física ou simplesmente dormir e dormir. Em suma: este mundo da web nos consome muito!
Há custos físicos ficar muito tempo na frente de alguma tela: a coluna, os olhos e a cabeça começam a ser mais afetados, com o tempo alguns problemas podem se tornar crônicos. Fomos mergulhados neste mundo, e agora estamos pagando algumas consequências. Uma coisa é usar pontualmente a internet, outra coisa é usa-la com algum tipo de necessidade constante, seja objetivamente, seja subjetivamente (vícios, necessidade de exibir, de buscar relacionamentos e curtidas). Nos preparamos realmente para a maior invenção do século passado, quiçá da história moderna?
Estamos perdendo contato físico, tátil, com as pessoas, não à toa presenciamos, diariamente, nestes meses, um nível de resistência muito grande, com as festas e paredões clandestinas. Aos poucos há uma volta tímida das festas, público nos eventos esportivos, culto religioso, cinema, teatro. Mas será que iremos diminuir a frequência do uso da web após o fim da pandemia? Daremos mais valor aos contatos presenciais, com os amigos, companheiros, colegas, família? Vamos aos lugares, um parque, um zoológico, praias, e esqueceremos um pouco do celular? Passearemos mais e esqueceremos as redes sociais? Nos privaremos mais do uso da internet?
É algo para ver, afinal não podemos, como fazem algumas séries famosas, de que a tendência inexorável da humanidade é abandonar os laços físicos/afetivos e mergulhar num mundo virtual incontrolável. Se as pessoas estiverem sendo afetadas fisicamente e subjetivamente pelo uso constante da internet, elas próprias podem dar um basta neste sofrimento. A sociedade pode, sem dúvida alguma, encontrar novas formas de reduzir o uso dos aparelhos movidos à internet e aos satélites televisivos. Basta querer!
Até a próxima!
O "querer" talvez seja a parte mais difícil de se fazer, pois mesmo antes do isolamento social ocasionado pela pandemia do covid-19, a sociedade já vivia um isolamento gradativo, como dito no 2 º paragrafo. Tomar a atitude de mudar os hábitos sem a pressão da obrigatoriedade ou imposição de algum fato, consideraria uma utopia. Não sou antropólogo, mas posso dizer que uma das atitudes mais presenciadas do ser humano é o comodismo e que está situação só muda quando o indivíduo sofre alguma ação que o incomode.