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DIA DA MULHER, DIA DE LUTA: o caso Vitória e violência contra mulheres



O Dia Internacional da Mulher é um dia historicamente importante e, portanto, merece ser celebrado, mas também é um dia de profunda reflexão sobre os desafios enfrentados por nós, mulheres. Ao olhar para trás, vemos um cenário em que muitas conquistas já foram alcançadas, mas ainda temos que lidar com a violência que, diariamente, ceifa a vida de mulheres de diferentes faixas etárias e em diversas circunstâncias.


Este dia tão importante estará marcado pelo Caso Vitória de Cajamar, que chocou o Brasil nesta semana. A jovem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, é mais uma vítima da violência de gênero que ainda mancha a nossa sociedade e é um exemplo de como a vida de mulheres e meninas segue sendo atingida por essa realidade violenta e que nos tira a possibilidade de existir.


Vitória, desapareceu no dia 26 de fevereiro de 2025, e seu corpo foi encontrado em uma área de mata em Cajamar, na Grande São Paulo, no dia 5 de março. Seu desaparecimento e morte foram noticiados nos vários meios de comunicação e geraram grande comoção nacional. A investigação feita pela Polícia Civil revelou que ela foi vítima de uma violência com resquícios de crueldade. O corpo da jovem foi encontrado com sinais de tortura, o que reforça o horror da violência sofrida por essa jovem que teve sua vida brutalmente interrompida.


Momentos antes do seu desaparecimento, Vitória estava a caminho de casa depois de um dia de trabalho e ela enviou alguns áudios para uma amiga, nos quais ela relatava estar com medo e suspeitando de estar sendo seguida por dois rapazes. Essa atitude de Vitória ilustra como, nós, mulheres, nos sentimos ao sair na rua para trabalhar, estudar, para o nosso lazer ou fazer uma simples caminhada ao ar livre. Ao simples pisar de um pé fora de casa, a insegurança é quem nos acompanha durante o trajeto, não importa o horário, mas principalmente à noite, em ruas escuras ou com pouca iluminação.


Este caso reflete uma triste realidade enfrentada por muitas mulheres no Brasil, onde os tipos de violência são os mais variados que, quando não deixam profundas sequelas físicas e emocionais, tiram a vida em circunstâncias cruéis que nos deixam horrorizados ao assistir o noticiário diário. O desaparecimento e assassinato de Vitória escancara a vulnerabilidade das mulheres em uma sociedade machista, misógina e que falha em protegê-las adequadamente.


Em casa, no trabalho, nas ruas ou até mesmo em seus relacionamentos afetivos, muitas meninas e mulheres jovens sofrem, são silenciadas, suportam a pressão de um sistema patriarcal e machista que normaliza e romantiza o controle, o abuso e a agressão. A falta de políticas públicas eficazes, a falha das redes de apoio e a escassez de ações de prevenção contribuem para que essas situações de violência se perpetuem, colocando as mulheres em um ciclo sem fim de risco e insegurança.


O dia de hoje cabe comemoração, pois não podemos deixar que nossas conquistas caiam no esquecimento, mas também somos convidados e convidadas a refletir sobre a transformação necessária no sistema de justiça brasileiro e nas nossas políticas públicas. A Lei Maria da Penha, por exemplo, é fundamental para garantir a proteção de mulheres e meninas nas relações domésticas e familiares, porém carece de aplicação eficaz.


Nós, enquanto sociedade e o Estado, não podemos permitir que casos como o de Vitória se repitam. A atuação das autoridades deve ser célere, eficaz e decisiva em situações de risco, e a educação de gênero nas escolas precisa ser mais ampla e voltada para a conscientização desde a infância, a fim de atuar na prevenção de atitudes violentas.


Além disso, é essencial o fortalecimento das redes de acolhimento e proteção para as vítimas de violência, especialmente para aquelas mulheres que, muitas vezes, não sabem a quem pedir socorro e amparo. A criação de ambientes seguros e acessíveis para denúncia é uma das chaves para que não seja tarde demais.


Neste dia devemos lembrar de Vitória, renovando o compromisso de persistir na luta contra a violência de gênero. A luta é urgente, pois a cada vida perdida, a cada vítima que vira estatística, uma família é devastada e a sociedade falha em termos de proteção.


Que o Dia Internacional da Mulher de 2025 seja um marco, que seja o pontapé inicial para um futuro melhor e seguro para que meninas e mulheres possam viver com liberdade, sem medo, e com plena segurança. A luta pela igualdade e pelo fim da violência de gênero é, e deve ser, de todos.

 

REFERÊNCIAS:

Metrópoles. (2025). Caso Vitória: Enterro de jovem de Cajamar é marcado por emoção e protestos. Metrópoles. Disponível em: https://www.metropoles.com/sao-paulo/caso-vitoria-enterro-cajamar. Acesso em: 08 mar. 2025.

 

1 Comment

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Áurea Añjaneya
Mar 09
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Ainda há muita luta pela frente, infelizmente.


Parabéns pelo texto.

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