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Foto do escritorJacqueline Gama

GIRL POWER EM CENA: O verdadeiro poder das mulheres em O Poder, da Prime



Imagine um mundo em que as mulheres desenvolvem uma espécie de mutação: controlar a eletricidade. Com isso seria possível matar ou salvar, eletrocutar ou desfibrilar, incendiar casas ou defender-se de um estupro. Esse é o enredo de The power, ou O poder, série da Amazon Prime que estreou no final de março de 2023, roteirizada por Sarah Quintrell, Claire Wilson e Naomi Alderman, com nomes de peso no elenco como Toni Collete, Jonh Leguizamo e Josh Charles.


À primeira vista o enredo parece de uma narrativa de filme de mutantes, como X-men, mas com debates hiper atuais que envolvem o machismo, o tráfico de pessoas, racismo e até mesmo uma crítica a grupos análogos a redpills ou mascus.


A história ronda cinco protagonistas diferentes, de diversos países, com algo em comum: a opressão por ser mulher. The power é muito mais sobre feminismo e empoderamento do que sobre choques elétricos. Na verdade, o poder retratado em tela de forma literal se torna uma alegoria para o empoderamento que toda mulher possui dentro de si.


A personagem de Tony Collete, Margo Clayre, é uma prefeita que passa a ter uma notoriedade nacional, quando defende que as mulheres possam ser detentoras de seus próprios corpos após a averiguação da mutação em meninas adolescentes, levantando debates como a defesa da questão do aborto ser um direito das mulheres.


A personagem também introduz relatos históricos ao seu discurso exemplificados na forma pela qual as mulheres foram tratadas em outros tempos por menstruarem, ela faz isso equiparando a maneira como as autoridades, maioria masculina, trata a questão da mutação como uma maldição ou um perigo, mesmo sem investigar.


Para as personagens femininas, apesar de muitas não entenderem o que se passa em seus corpos, numa espécie de crítica ao quanto as mulheres não são educadas a se conhecerem fisicamente, o poder é visto como um dom e uma autodefesa. A explicação é de que ele vem do surgimento de um novo órgão, numa espécie de evolução, afinal as mulheres necessitam se proteger de assédio e ataques do gênero masculino e ainda assim, mesmo detendo o poder, o machismo é hegemônico.


Também destaco a personagem Halle Bush, interpretada por Allie Montgomery, que após sofrer tentativas de estupro por seu pai adotivo se rebela contra ele e depois foge, tendo como destino um local de meninas como ela, excluídas e abandonadas.


Allie que também se denomina Eva, acredita que Deus é mulher e através de uma voz feminina que a guia e que somente ela escuta , passa a edificar milagres com o poder da mutação, mostrando que o poder pode ser bom e ruim, depende do ponto de vista e do contexto. No local em que se assenta, a jovem cria uma espécie de irmandade com as outras meninas, numa catarse de sororidade.

A sororidade se torna um contágio, até porque as mais jovens podem passar o poder para as mais velhas, que não possuem o órgão mutante. Portanto, em diferentes contextos as mulheres ajudam umas às outras, ainda que em regimes ditatórias ou de extrema opressão, como em países do Oriente Médio que seguem oprimindo mulheres, ou ainda em situação de cárcere devido ao tráfico de mulheres.


A crítica ao machismo é ferrenha e extremamente atual em O poder, abordando as questões das Fake News e de influenciadores ultra machistas que se escondem por trás de perfis falsos, influenciando outros homens ao ódio contra mulheres, isso acontece, por exemplo, nas diversas ameaças que a prefeita recebe por parte de homens. O machismo é tão imperativo, que nem o seu próprio filho está imune de visualizar esse tipo de conteúdo e de também absorver essas ideias.


A trama aborda a questão do machismo de uma forma ampla, não se concentrando apenas nos casos extremos de estupro ou feminicídio, mas perpassa por dramas familiares e até mesmo debate sobre a ética na pesquisa com seres humanos.


Apesar de abordar temáticas extremamente pesadas e necessárias, a série tem o seu alívio cômico, desenvolve um roteiro com diálogos inteligentes, cenas de ação, romance e até um pouco de comédia, prendendo o espectador nesse mix de ficção cientifica e girl power.


Imagem de Capa: Amazon Prime <https://m.media-amazon.com/images/S/pv-target-images/732c505bb8b0ce803fd2949cef4cf3f0491a6d83f9d0492454d925b29fe17807.png>

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