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Foto do escritorAlan Rangel

Os ensinamentos de Moby Dick



No Coração do Mar, dirigido por Ron Howard, e disponível na Netflix, conta a verdadeira história por trás da obra Moby Dick, de Herman Melville. Os fatos reais por trás da ficção não terminam quando a baleia branca derruba o navio. O processo é ainda mais longo, doloroso e dramático. O filme é baseado no livro “No Coração do Mar – A História Real que Inspirou o Moby Dick de Melville”, do historiador Nathaniel Philbrick.


Essex é o nome do navio. Um dos últimos sobreviventes daquela aventura, na época com apenas 14 anos, conta a grande aventura pelos mares. Já idoso, ele externa sua vida para Herman Melville. O narrador sobrevivente, Owen Chase, tem extrema dificuldade de contar o drama do grande navio e sua tripulação de caçadores de baleia. No início, falta coragem, pois é penoso contar a verdade; é difícil externar um fato que marcou toda a sua vida. Lembranças traumáticas. Mas, com insistência de sua esposa, ele abre o jogo ao escritor, ávido por saber a história real que sempre o deixou obsessivo.


Chase, ao contar a sua aventura pelos mares, no Essex, comandado pelo capitão Pollock, navegando da costa dos EUA até a América do Sul, nos ensina bastante coisas. O primeiro aprendizado é sobre a prática de caça às baleias, muito comum desde o século XVI. O óleo de baleia possibilitou o avanço da civilização, ao iluminar as noites das cidades, lubrificar máquinas industriais e fortificar alguns monumentos, pois o óleo tem uma capacidade de ligadura e solidez poderoso. Além do que é possível extrair como alimento. Mas isso tudo a custo de milhares de baleias assassinadas. Os grandes empresários, que financiavam as viagens e os navios, tinham elevados lucros. O filme retrata um pouco deste interesse apenas mercantilista. E retrata uma discussão que viria anos depois: os animais não têm medo, não sofrem, não são seres inteligentes?


Uma segunda lição importante do longa, é o que podemos fazer para apenas sobreviver. Você seria capaz de dar sua vida pelo outro? O dilema ético, nesses momentos de elevado teste de estresse - a luta pela perpetuação na existência - pode revelar, subitamente, sentimentos na qual não estamos realmente acostumados. Será que em momentos assim, na qual o contexto nos faz tomar uma escolha difícil, mostramos quem realmente somos? Ou, na verdade, o que vem de fora impacta uma novidade no mundo interior? O gatilho – eventos externos – desperta facetas escondidas? Ou não existe gatilho nenhum em se tratando de novas situações?


São questões que ultrapassam a história da cinematografia em questão, mas que são importantes reflexões sobre o que faríamos no lugar do outro, como agiríamos em momentos de alta tensão.


Muitas vezes, somos surpreendidos por nossas próprias reações às mais inusitadas situações. Porém, a questão é saber se conseguimos dominar racionalmente as nossas atitudes, ou se somos levados por sentimentos ou instintos inconscientes. Não pretendo dar mais spoiler. Te indico a ir assistir ao filme e saborear uma excelente aventura.



Link da imagem: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-144338/

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