" Por Deise Natividade
Sem titubear aqui e agora consigo facilmente alistar uma série de eventos que gostaria de ter presenciado. Queria ter ido a um show de Tim Maia, gostaria de ter assistido um dos festivais das canções que Caetano e Gil abrilhantaram, desejaria estar na plateia que Wilson Simonal animou e sim! Queria ter ouvido Elis cantar. Claro que os radialistas, velhos discos e o YOUTUBE ajudam muito, mas certamente deve ter sido de arrepiar ouvi-la ao vivo.
Mas, a tecnologia é tão empoderada que ela não ia se limitar apenas a vídeos ou áudios...com certeza ela iria além e cá estamos nós, conferindo uma propaganda automobilística que uniu mãe e filha em um cenário emocionante. A estrada, o modelo do carro, o sorriso da Pimentinha, bem como a emoção estampada no rosto da Maria Rita e os versos: Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo” nos deixam de frente com uma poesia que talvez Vinicius de Moraes não conseguiria esboçar. Sigo respeitando os sentimentos da filha e a motivação do publicitário, porém até que ponto a inteligência artificial pode mesmo nos ajudar?
Lembro diversas vezes os professores de geografia falando que o desemprego estrutural é aquele que substitui a mão de obra humana por máquinas, mas será mesmo que a máquina deve resgatar o nosso passado? Poder já vimos que ela pode, inclusive fez isso com a Rihanna e Marília Mendonça, no entanto insisto em questionar: Ela deve?
Após o advento da revolução tecnológica, é tão visível que as relações se esfriaram que acredito que o deepfake só mergulhará a humanidade em mais uma fase de esfriamento. Hoje ninguém elabora mensagens de aniversários, cópia e cola da internet. As primeiras histórias de amor não são escritas com cartinhas de amor, mas com directs superficiais, poucos escutam o áudio, mas aceleram porque tem pressa e ainda fazem piada com isso. Ainda prefiro o olho no olho, o livro no papel, e a loja de discos que ficava mais bonita com o entardecer.
É inegável que as ferramentas tecnológicas são úteis e inclusive foi um âncora na pandemia, mas uma certa canção diz que o passado é uma roupa que não nos serve mais eu prefiro deixar o pretérito no mais que perfeito, embora eu confesse: Ah! Eu queria ter ouvido a Elis. _____________________________
*Deise Natividade. Professora de língua portuguesa e cronista. Instagram: @deisedamile
Fiquei intrigado com o seu texto, mas tenho uma dúvida em relação ao exemplo da Rihanna e da Marília Mendonça. Confesso que não entendi completamente, você poderia me explicar melhor? No entanto, tirando essa questão, achei seu texto muito interessante. Fiquei refletindo sobre a quantidade de artistas que eu gostaria de ter visto ao vivo. O debate sobre ética nesse contexto é complexo, mas não sei se a inteligência artificial seria capaz de proporcionar a mesma emoção impactante, como, por exemplo, se seria melhor ter um show dele sendo reproduzido por uma inteligência artificial ou um bom cover do Michael Jackson em um show ao vivo. Enfim, esse é um debate que fica no ar, mas de qualquer forma, …