A recente exclusão de cães e gatos da lista oficial de animais comestíveis na China marca uma mudança significativa na regulamentação do país. Essa decisão, impulsionada pela pressão internacional, reflete a complexidade das relações entre cultura alimentar e ética global.
Ao analisarmos essa crítica ocidental à prática chinesa, é crucial considerar o etnocentrismo subjacente. A sociedade ocidental muitas vezes projeta suas normas culturais sobre outras, ignorando a diversidade de práticas alimentares ao redor do mundo. A visão de alguns países ocidentais de que consumir cães é inaceitável contrasta com a aceitação generalizada de carne de porco e boi que, inclusive, em nossas culturas vem sendo cada vez mais entendidos como possíveis animais de estimação.
Marshall Sahlins, em "A sociedade ocidental enquanto cultura", argumenta que a visão de mundo de uma cultura é moldada por sua própria lógica interna. Portanto, criticar a base alimentar de outro país com base apenas em normas próprias é etnocêntrico. A diversidade cultural implica em compreender e respeitar diferentes práticas alimentares, reconhecendo que o que é tabu em uma sociedade pode ser aceito em outra.
Essa exclusão dos cães e gatos da lista de animais comestíveis na China destaca a necessidade de uma abordagem mais culturalmente sensível ao avaliar práticas alimentares em contextos globais. A crítica baseada em normas ocidentais sem considerar as nuances culturais é uma manifestação de etnocentrismo que deve ser superada para promover um diálogo mais inclusivo sobre ética alimentar.
Afinal de contas, o que justifica se alimentar de alguns animais, poupar outros e condenar outras culturas por não poupar os mesmos animais que consideramos “sagrados” se não uma visão etnocêntrica da cultura?
Se não for para defender o fim da alimentação com base nos animais de modo geral, melhor economizar nos textões sobre o absurdo que de se alimentar de carne de cachorro e investir numa reflexão sobre a própria visão de mundo.
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Fonte/ Google Imagens
Mas acredito que a China continua a se alimentar de outros bichos,o que acontece é que parece que até lá cães e gatos se tornaram "pets",pi seja,uma categoria especial de domesticação. Os demais animais domésticos são criados em escala industrial. Não sei se lá na China havia essa características de armazenamento de bichos.
Outra coisa:a China passou por longos períodos famelicos, portanto,creio que durante décadas houve sacrifício de qualquer bicho que se movia para sustento.