SEXUALIDADE, EROS, E PSICANÁLISE: Falta, Criação, e a Beleza de Existir
- Autor(a) Convidado
- 17 de set.
- 2 min de leitura

*Kaihany Assis
A sexualidade, na psicanálise, não cabe apenas na psique: ela pulsa na alma, no corpo, no olhar, no silêncio, no gesto. É desejo que segue a lógica da pulsão, uma força que insiste, retorna, se desloca.
Eros, o deus do amor, seria a pulsão de vida. É ele quem nos move para fora de nós mesmos, que cria laços, sustenta o vínculo, alimenta a cultura. Mas o mesmo Eros que une também nos lança ao encontro dos nossos abismos: lugar onde falta e excesso se misturam.
O desejo, para Freud, não se deixa aprisionar nas fronteiras da consciência ou da razão. Ele habita o inconsciente, estruturado como linguagem, e fala em sonhos, em lapsos, em silêncios. Onde há falta, nasce o desejo; onde há desejo, pulsa a vida.
A Escuta do Desejo
Kaihany Assis
Eros nasce no sopro do desejo,
não cabe no corpo,
transborda em pele, em sonho, em palavra.
A psicanálise é quem ouve
essa chama que arde
mesmo quando a razão
tenta apagá-la.
Eros é vida que se expande,
força que une,
laço que inventa mundos.
Entre prazer e proibido,
entre falta e criação,
o humano se descobre:
um ser de abismos,
um ser de poesia.
Assim, sexualidade e Eros se entrelaçam como rios que convergem para o mesmo mar. A psicanálise se faz, então, como a escuta da lógica da pulsão, que insiste e não se cala. Pois o humano é feito de carne e ausência, de gozo e palavra: busca o prazer, mas encontra no amor e na criação a eternidade do instante.
E se a sexualidade é rio que corre pela lógica da pulsão, como aceitar que o mundo tente contê-la em garrafas de consumo, em regras de desempenho, em normativas que matam o sopro de Eros?
O que acontece com o desejo quando é forçado a caber em medidas, diagnósticos, estatísticas?
E será que ainda sabemos ouvir o murmurar do inconsciente, lá onde falta e excesso se encontram, onde Eros insiste em inventar mundos?
A psicanálise, em sua escuta, não oferece respostas prontas, mas abre espaço para que o sujeito reconheça em si o canto do seu próprio Eros. Pois somos feitos de pulsão e palavra, de ferida e criação, de ausência e de encontro. E talvez seja aí, nesse intervalo entre o que falta e o que se inventa, que o humano encontra a beleza de existir.

*bacharela em Ciências Humanas e pós-graduanda em Psicanálise. Apaixonada por arte, busca integrar saberes humanísticos e expressões artísticas em seus estudos e projetos, explorando formas de compreender o ser humano e suas relações.
IMAGEM: Lancancircle
Texto sensacional! Carregado de beleza poética, profundidade que transcende o objetivo e que, ao mesmo tempo, demonstra técnica e todo conhecimento científico da autora!
Desde o início de suas primeiras letras, eu via em você uma criança muito esforçada e inteligente, eu recebia parabéns todo final de ano, por você ser muito empenhada e tirar notas máxima. Hoje fico muito feliz em vê a sua desenvoltura de todo seu aprendizado. Parabéns Kai, eu sabia que você tem potencial para a psicanálise, e o seu futuro é brilhante!
Te amo filha.
Belas palavras minha amiga, misto de conhecimento e poesia traduzindo de forma unica a magia do existir, a essência de que somos feitos, está argila rara, envolta em desejo e volúpia. Parabéns!
Kay, tô muito orgulhoso de ver você nessa nova etapa com a psicanálise e a sexologia. Sei que você tem sensibilidade e força pra ir longe, e tudo que você tá construindo vai te levar a ajudar e inspirar muita gente. Continua firme, você tá no caminho certo!
Excelente texto...seriam Eros e Id super amigos? rssss