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SOMENTE A EDUCAÇÃO LIBERTA!

Atualizado: 15 de mar.




Eu costumo dizer aos quatro cantos que só a educação liberta. Dizer que a "educação liberta" é uma ideia que remonta a pensadores como Paulo Freire, que defendia a educação como um instrumento de emancipação e transformação social. No contexto dessa frase, "libertar" não significa apenas fornecer mais oportunidades de emprego ou riqueza, mas também possibilitar uma maior autonomia e consciência crítica para o indivíduo e para a sociedade como um todo. Quando se diz que "a educação liberta", está se falando da capacidade da educação de ampliar as possibilidades de um indivíduo ou grupo, possibilitando que ele se torne mais consciente de seu papel no mundo e mais capaz de influenciar as mudanças que deseja ver na sociedade.


Sou professor de escola pública e muitos dos meus alunos vêm de origens humildes. Dessa forma, busco sempre deixar claro para eles esse legado: a certeza de que só a educação é capaz de transformar vidas. Sou uma prova dessa libertação. Sou filho de costureira e comerciante. Tudo o que tenho hoje — uma casa (ainda que financiada), um carro, experiências de viagens ao exterior e uma estabilidade profissional como servidor público federal — se deve à educação e às oportunidades que consegui conquistar ao longo da minha vida.


No final de fevereiro, foi divulgada mais uma etapa do Censo 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desta vez sobre educação. Os dados apontam um crescimento expressivo na proporção de pessoas pretas e pardas com nível superior completo, em comparação com o ano 2000. No entanto, as desigualdades raciais no acesso à educação superior ainda são marcantes, com a população branca mantendo uma vantagem significativa.


De acordo com os dados do censo de 2022, a proporção de pretos com 25 anos ou mais que concluíram o ensino superior aumentou 5,8 vezes no período, passando de 2,1% em 2000 para 11,7% em 2022. Entre os pardos, o crescimento foi de 5,2 vezes, passando de 2,4% para 12,3% no mesmo período. Apesar do avanço, esses percentuais ainda estão bem abaixo dos 25,8% registrados pelo população branca que teve um aumento de 2,6 vezes no período (9,9% no ano 2000).


Apesar do crescimento, as disparidades raciais no acesso ao ensino superior continuam evidentes. Em 2000, a proporção de brancos com ensino superior completo era mais de 4 vezes maior que a de pretos e pardos. Em 2022, essa diferença diminuiu, mas ainda é significativa, visto que o percentual de brancos com diploma universitário (25,8%), ainda é mais que o dobro do observado entre pretos (11,7%) e pardos (12,3%).


Esses dados corroboram o que foi relatado na pesquisa de Verônica Daflon, que, em sua tese de doutorado, investigou diversos elementos relacionados às populações branca, preta e parda. Seus resultados indicam exatamente os dados divulgados no Censo 2022, demonstrando que a população branca se encontra em uma posição de vantagem significativa em relação aos pretos e pardos. Além disso, embora o nível de escolaridade dos pardos seja ligeiramente superior ao dos pretos, ainda é consideravelmente inferior ao dos brancos.


Podemos refletir que esse avanço, embora modesto, pode ser atribuído às políticas de ações afirmativas implementadas nos últimos anos no Brasil, dentre elas, as cotas para acesso à universidade. Certamente, se não houvesse as cotas, essa desigualdade ainda seria semelhante à observada no ano 2000.

Cumpre salientar, que entre esses 22 anos que separam os censos de análise (2000 e 2022), foram 14 anos da centro-esquerda no poder do executivo federal. Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2016) construíram 18 universidades com 187 novos campi universitários e 422 novos campi de institutos federais. Já Temer (2016-2018) construiu 21 novos campi de institutos federais e Bolsonaro (2019-2022) não construiu, apenas emitiu portaria de funcionamento de 16 campi de institutos federais. Além disso foram criados 5 campi de universidades federais e de nove universidades por meio de desmembramento de outras universidades já existentes (governos de direita). Percebe-se com esses dados que a centro esquerda pensa muito mais na educação do que a direita no Brasil.


Cumpre salientar que, entre os 22 anos que separam os censos analisados (2000 e 2022), 14 anos correspondem a governos de centro-esquerda no Executivo federal. Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2016) construíram 18 universidades, com 187 novos campi universitários e 422 novos campi de institutos federais. Já Temer (2016-2018) construiu 21 novos campi de institutos federais, e Bolsonaro (2019-2022) não construiu nenhum, limitando-se a emitir uma portaria de funcionamento para 16 campi de institutos federais. Além disso, foram criados 5 campi de universidades federais e 9 universidades por meio do desmembramento de outras universidades já existentes (governos de direita). O governo atual do presidente Lula já declarou que vai construir mais 100 campi de institutos federais. Percebe-se, a partir desses dados, que a centro-esquerda investe mais na educação do que a direita no Brasil.


Parafraseando Paulo Freire: "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor".


Por mais educação, por uma educação libertadora, avancemos! Liberte-se!


FONTE:


IBGE 2022. Censo 2022: proporção da população com nível superior completo aumenta de 6,8% em 2000 para 18,4% em 2022. Agência IBGE notícias. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/42742-censo-2022-proporcao-da-populacao-com-nivel-superior-completo-aumenta-de-6-8-em-2000-para-18-4-em-2022#:~:text=A%20propor%C3%A7%C3%A3o%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20preta,12%2C3%25%20em%202022. Acesso em: 08 mar. 2025.

 

IF Sudeste MG. MEC anuncia 2,44 bilhões para universidades e institutos federais. abr. 2023. Disponível em: https://www.ifsudestemg.edu.br/noticias/reitoria/2023/04/mec-anuncia-2-44-bilhoes-para-universidades-e-institutos-federais. Acesso em: 08 mar. 2025.

 

DAFLON, Verônica Toste. Tão longe, tão perto: Identidades, discriminação e estereótipos de pretos e pardos no Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2017. 184 p.

 

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