"A SUBSTÂNCIA". Corpo, violência e envelhecimento feminino
- Autor(a) Convidado
- 23 de abr.
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*Por Camila Braga
O longa-metragem A Substância (2024), dirigido por Coralie Fargeat, apresenta-se como uma obra cinematográfica provocativa que tensiona as fronteiras entre o horror corporal, a crítica social e a alegoria contemporânea.
A narrativa mergulha de forma visceral na obsessão pela juventude e pela perfeição física, especialmente no universo feminino, expondo a violência simbólica e concreta imposta pelos padrões estéticos da sociedade midiática.
Mais do que apenas uma estética do horror, o filme constrói uma crítica incisiva à cultura do descarte — revelada na forma como os corpos femininos são consumidos e posteriormente rejeitados à medida que envelhecem ou deixam de corresponder aos ideais hegemônicos de beleza.
As atuações de Demi Moore e Margaret Qualley se destacam pela intensidade com que expressam os conflitos emocionais de personagens marcadas pela insegurança, pela pressão social e pela busca incessante por validação. A violência gráfica presente em diversas cenas pode causar desconforto, mas é precisamente essa brutalidade que intensifica o tom político da obra, funcionando como instrumento de denúncia e reflexão.
Ao mesclar horror, ficção científica e sátira social, A Substância afirma-se como um filme transgressor, que rompe convenções e provoca o espectador a refletir criticamente sobre temas como envelhecimento, feminilidade, autoimagem e os limites da autonomia corporal em uma sociedade de espetáculo.
Nesse sentido, a obra contribui de forma relevante para o debate sobre as representações do corpo feminino no cinema e os efeitos psicossociais da cultura estética contemporânea.
*Autora Convidada: Pedagoga, mestre em educação e tecnologia. Graduanda em Psicologia pela FVC.
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