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LIBERDADE PRA QUEM? AS (DES)MEDIDAS DE DIVERSIDADE NOS EUA

Foto do escritor: Valéria PilãoValéria Pilão



A campanha do agora presidente dos EUA, Donald Trump, teve como uma de suas pautas a desqualificação e negação das diversidades de gênero bem como das políticas de diversidade, equidade e inclusão (DE&I). Logo que assumiu a presidência, em seu primeiro dia de mandato, ele proibiu e encerrou os programas DE&I existentes no governo estadunidense e, no dia, seguinte, foi emitido um memorando pelo Gabinete de Gestão de Pessoal do governo americano, orientando que todos os trabalhadores que estavam com contratos ativos por meio de políticas de diversidade, seriam colocados em “licença administrativa”.

 

A agressividade no combate as políticas de diversidade é a toada deste início de governo. Após o acidente aéreo entre helicóptero e avião em Washington, ainda sem investigação concluída, o presidente está responsabilizando as políticas de diversidade pela contratação de trabalhadores não qualificados e uma suposta falha do controle aéreo.

 

Se desde 2023, após a decisão da Corte Suprema que encerrou ações afirmativas para ingresso nas universidades, as empresas estadunidenses já têm afrouxado ou finalizado as suas ações e políticas institucionais de diversidade e inclusão, a vitória do atual presidente e sua posse nesse ano de 2025 reforça a reação às políticas antidiscriminatórias.


Essa conduta vinda da Administração federal estadunidense está em sintonia com medidas de grandes empresas como Amazon, Ford, Jack Daniels, John Deere, Harley Davidson e McDonald´s. A Meta, por meio de um comunicado de seu CEO, também se alinhou a esta política de retrocesso, afirmando explicitamente que caminhará ao lado de Donald Trump e que não mais haverá política de moderação, mesmo sobre questões de gênero e imigração.

 

Num capitalismo mundializado, tais medidas, inequivocadamente, afetam todo o mercado, nos mais diversos setores econômicos, valendo destacar os países periféricos como o Brasil. No entanto, resistindo a retroceder, a empresa brasileira Natura emitiu um manifesto, no dia imediatamente após a posse de Donald Trump, com o título “compromisso com a vida não aceita retrocesso”. Nele a empresa reconhece a responsabilidade social do setor empresarial e o compromisso com a consolidação da justiça social e climática.

 

Políticas de diversidade e inclusão têm suas contradições, sabemos; mas, também temos conhecimento de que sociedades sem elas reforçam e aumentam as desigualdades socioeconômicas, a violência, a fome e todas as formas de discriminação. São políticas de diversidade e inclusão, orientadas pelos direitos humanos, que permitem o arejamento das relações e das instituições e potencializam efetivas transformações para a ampliação de acesso a bens e direitos.

 

Longe de serem radicais transformadoras de uma sociedade de classes, as políticas DE&I potencializam e proporcionam pequenos movimentos em uma sociedade dependente como a brasileira, onde a democracia restrita às classes dominantes é sedimentada e naturalizada. Assim, a educação informal em direitos humanos que as diferentes organizações e empresas podem proporcionar aos seus trabalhadores (independentemente de seus cargos) fomentam a compreensão de uma realidade complexa, além de estimularem a empatia e o exercício da alteridade (raro numa sociedade cada vez mais individualista).


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Guest
Jan 31
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Lamentáveis estes retrocessos... :(


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