Carnaval terminou faz dois dias, mas como estamos na ressaca, ainda cabe falar da festa que passou – pelo menos até domingo. Aí segunda-feira começa de fato o ano. Enquanto isso, vou expor algumas considerações sobre a folia de 2024.
Já faz alguns anos que muitos questionam um dilema: qual artista consegue arrastar o maior número de foliões? Igor Kannario ou BaianaSystem? Pra muitos, isso não tem a menor importância, mas dá pra observar algumas coisas. Os dois tem um público enorme, no entanto, um brother avaliou bem uma questão. Ele costuma dizer que Kannario só sai na segunda-feira, no Circuito Osmar (Campo Grande), exatamente quando ocorre a tradicional manifestação Mudança do Garcia, que invade a Avenida levando milhares de pessoas daquele bairro vizinho, que acompanham orquestras, grupos percussivos e minitrios. Consequentemente, esse mar de gente avoluma os espaços e entope aquelas vias. Isso ajudaria Kannario, que passa justamente quando o público da Mudança adentra o Campo Grande, se misturando com os foliões que seguem os trios. Portanto, a avaliação dele não pode ser descartada. Para provar que possui a maior “pipoca”, ele teria que sair em outro dia, outro horário, e consagrar seu enorme sucesso na festa.
Já a BaianaSystem já provou e comprovou que tem um imenso contingente de fãs que, quase certeza, só participam da festa para vê-los. Podem sair 7 da manhã, meia noite, numa quarta-feira qualquer de agosto, enfim, terá sempre seu fiel exército de ensandecidos pelo repertório da banda. Que esse público é o que pula mais alto, sem dúvida, já faturou. E olha que as primeiras apresentações da Baiana no carnaval – e lá se vão mais de dez anos – era uma muquequinha presente. Souberam incrementar, construíram o próprio trio (o Navio Pirata), alavancaram o público, e se tornaram um fenômeno de festas de rua. Ano passado, mal conseguia colocar o pé no chão de tanta gente saindo pelo ladrão! Esse ano, nem conseguia escutar o som deles de tão distante que fiquei porque simplesmente não dava nem pra caminhar. Encerraram o carnaval no Pelourinho e a prefeitura teve que fechar os acessos em razão do excesso de pessoas!
São públicos de perfis diferentes, idades diferentes (público da Baiana gira em torno de 25 anos, estimo. O de Kannario possui uma faixa etária mais diversa), musicalidade bem distinta, e até mesmo classes diferentes. E isso enriquece muito a democracia festiva. Sem falar que as duas “pipocas” perfazem um grupo quase que 100% local, de soteropolitanos (ou gente que mora em Salvador). São artistas que não tem muita visibilidade nacional, nem emplacam grandes sucessos em plataformas musicais (principalmente Kannario). Olha a grandeza do nosso carnaval! Dois artistas que não necessitam de visitantes para engordar suas fileiras. Ok, Saulo e Ivete também, mas esses dois são do campo genuíno – digamos assim – da axé, ou seja, da música tipicamente de trio, com possibilidades de aglomerarem várias estirpes de foliões. São grandes agitadores e intérpretes, e nunca se questiona o tamanho de admiradores que os acompanham. E já puxaram blocos, que contém um número significativo de turistas, que levam o nome deles para outras paisagens.
Outra situação me chamou atenção. O fato de Cláudia Leitte ter levado o prêmio Band Folia de melhor cantora. Muitos ficaram horrorizados (talvez esteja exagerando, não é pra tanto...) com essa premiação. Cláudia não desfilou todos os dias e somente o fez no Circuito Dodô (Barra-Ondina) sem nenhum estardalhaço. Mas aí tem outras observações a serem feitas. Primeiro, o pouco número de cantoras que abrilhantam a festa. Pegue o cenário tempos atrás: Baby do Brasil, Marinês, Sarajane, Marcia Freire, Margareth Menezes, Marcia Short, Alobened, Carla Visi, Emanuele Araújo, Glimelandia, Katia Guimma, Amanda Santiago, Aline Rosa, Mari Fernandes... Toda época tinha uma voz feminina comandando um trio. Mas me digam aí as de hoje? Só veteranas (Ivete, Daniela, e a própria Claudia leite). Muitas citadas, não tocam mais ou fazem uma apresentação ou outra. Bom, Daniela anda fazendo discursos politizados e é vista mais como ativista. Mesmo sendo uma excelente profissional, há muito não tem aquele feeling com a multidão. Ivete todo ano ganha música do carnaval e está em tudo que é lugar na mídia. Ela é praticamente hors concours. Agora me respondam: sobrou quem pra receber esse prêmio?????? Criticada pela falta de espontaneidade, pelos parcos hits, e por criar polêmica, também não vamos desconsiderar que ela agita sim o folião. Numa enquete do G1 Maranhão, o show dela foi a melhor atração do carnaval de São Luís, realizado na segunda-feira de carnaval. Negar isso é ser cri cri demais.
Agora é aguardar o próximo. Até lá, a gente espera o São João chegar.
Quem falou que a pipoca do kannario só lota por causa da mudança do Garcia tá louco da cabeça kkkkkk a mudança do Garcia sempre sai na frente e logo atrás vem a pipoca do kannario, e venham cá???? Que público a mudança do Garcia tem? A pipoca do kannario percorre o circuito todo com uma pipoca gigante, kannario saiu na barra um dos últimos trios arrastou uma multidão, saiu ano passado debaixo de chuva arrastou uma multidão, tocou em feira e teve a maior pipoca da micareta de feira kkkkkk agora dizer que a mudança do Garcia fez a pipoca do kannario ficar maior e não adimitir que a pipoca do kannario e a maior do carnaval!
Rapaz……
Boas reflexões como sempre. Claudia Leite, meu amigo, não desce na goela do soteropolitano. Chata pra c... e agora com essa pegada evangélica, piorou! Já era ruim, ficou pior!